O diagnóstico de diabetes em uma criança pode se tornar um fator de agregação da família dependendo da forma como ela lida com a nova condição, acredita a psicóloga Kátia Tarnapolsky Markenson, especializada em terapia familiar.
O processo de aceitação pode ser difícil para a criança com diabetes e, algumas vezes, ainda mais complicado para a família, que também é impactada pelas mudanças decorrentes da situação. “A criança está crescendo e, conforme a faixa etária, está adquirindo autonomia e o diabetes chega como um veículo que vem na contramão, exigindo muita atenção”,diz a psicóloga.
No caso do diabetes, Kátia considera que o fato de muitas vezes o diagnóstico chegar inesperadamente e a necessidade de mudar os hábitos da criança e da família da noite para o dia tornam o processo de aceitação ainda mais gradual. “Algumas mudanças podem ser necessárias de imediato, como o controle glicêmico ou o uso de medicamentos, deixando pouco espaço e tempo para muitas negociações. Outras podem ser feitas com a participação da criança e da família, como a elaboração de um novo cardápio e a construção de novos hábitos alimentares” explica a terapeuta.
Tornar mais tranquila essa fase inicial de adaptação depende também de como a família consegue reajustar ou construir novos padrões de interação entre seus membros. Ela defende a ideia de que, passados os primeiros momentos, o caminho mais confortável é que todos os membros da família consigam reconhecer estar vivenciando uma grande modificação em sua rotina, ajudando um ao outro na adaptação a uma realidade nova. A criança passa a precisar de alguns cuidados e ter necessidades diferentes, e a colaboração e a participação da família são fundamentais.
Segundo Kátia, não é necessário que os novos hábitos sejam estendidos aos demais membros da família. “Participar e apoiar não significa eliminar as diferenças entre irmãos, pois as necessidades são distintas.”
“No início a preocupação da família com o controle e a proteção à criança podem ficar exagerados. No entanto, o natural é que com maior conhecimento e domínio da nova situação, bem como o suporte médico adequado, as famílias se reorganizem, absorvendo a novidade sem maiores conflitos”, conclui a terapeuta.