segunda-feira, 30 de junho de 2014

Siga as dicas que combatem a insônia e ajudam a dormir melhor

Evitar álcool, escolher um bom colchão e associar a cama ao sono são alguns dos segredos


Dormir é relaxante e ainda faz bem para a saúde. Tem coisa melhor? Tem sim, saber que ele ainda ajuda a viver mais. Um estudo realizado pela American Academy of Sleep Medicine provou que dormir bem é um dos segredos para a longevidade. A partir da análise de 2.800 pessoas, os resultados mostraram que cerca de 65% das pessoas relataram que sua qualidade de sono foi boa ou muito boa e o tempo médio diário de sono foi 7,5 horas, incluindo cochilos.

Porém, para algumas pessoas, uma boa noite de sono não é conquistada tão facilmente. A insônia pode ser decorrente de problemas de saúde. "O problema pode ser decorrente de transtorno ansioso, quadro depressivo, problemas neurológicos como a síndrome das pernas inquietas, apneia do sono ou mesmo um transtorno chamado de movimentos periódicos do sono, entre outros", enumera Stella Tavares, neurofisiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Mas, antes de pensar que o problema é de saúde, vale cogitar: será que você está tendo hábitos saudáveis antes de dormir? "Alguns costumes como uso excessivo de computadores, alimentação pesada antes de dormir e situações de tensão podem sim prejudicar o sono", lista Daniel Inoue, médico especialista em Medicina do Sono do Hospital Santa Cruz de São Paulo. Para resolver o problema nesses casos, listamos alguns cuidados que podem ajudar a melhorar a qualidade do seu sono. Mas se nada disso funcionar, vale então procurar um médico.

Travesseiro - Getty Images

Escolha o melhor travesseiro

Ao pensar em um bom travesseiro, é importante sempre levar em conta a posição em que você dorme. "Ao deitar-se de lado, é importante que ele seja mais alto, para que o pescoço fique alinhado com resto da coluna. Agora, se você deita de barriga para cima, o ideal é usar um travesseiro mais baixo, para que a cabeça não fique muito acima", considera o ortopedista Cássio Trevizani, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Agora, se sua posição favorita é de bruços, o ideal é não usar travesseiro nenhum.

Porém, essas regras se invalidam caso você tenha algum problema específico de saúde. "No caso de doenças associadas como o refluxo gastroesofágico e também algumas cardiopatias, a recomendação por travesseiros mais altos é feita", recomenda Daniel Inoue, médico especialista em Medicina do Sono do Hospital Santa Cruz de São Paulo. 

Quanto ao material, vale escolher o que você preferir. Alguns conservam suas características por mais tempo, como o de viscoelástico, por exemplo. Mesmo assim, sempre que você perceber que o travesseiro está ficando mais baixo, o ideal é comprar outro. "A troca deve ser feita quando apresentarem deformidades ou algum tipo de incômodo para a pessoa dormir", alerta Inou 

Colchão sem pressão - Getty Images

Colchão também é importante

Tão essencial quanto o apoio para a cabeça é a base em que ficará o resto do corpo. Por isso mesmo o colchão é um item fundamental para um sono de qualidade. "É sempre importante pensar que a sua coluna deve estar alinhada ao se deitar", pondera o ortopedista Trevizani. "Do ponto de vista prático, existem os modelos ortopédicos, com maior resistência e densidade, que normalmente são feitos com molas e com espuma de viscosidade mais alta", finaliza.

A regra principal, no entanto, é que ele seja confortável e que ao acordar você não sinta dores no corpo. E se com o tempo você começar a acordar com desconfortos, talvez já seja hora de trocar.
Moça abrindo as cortinas de manhã - Foto: Getty Images

O valor de uma boa cortina

Ter uma cortina de boa qualidade pode não parecer, mas é tão importante quanto o colchão e o travesseiro. Isso porque a iluminação está diretamente relacionada com o sono, já que tudo isso é regido pelo ciclo circadiano, que leva em conta, entre outros fatores, o dia e a noite. "Um dos hormônios ligado ao sono é a melatonina, e ela é melhor produzida quando estamos no escuro. A luminosidade alta interfere em sua liberação", ensina enumera Stella Tavares, neurofisiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

De acordo com a especialista, você pode até ter uma pequena luminosidade no quarto, até porque algumas pessoas não conseguem dormir sem ela. Mas quando a luz fica muito forte, o corpo sente como se não fosse o momento certo de adormecer. Além disso, a luz que entra de manhã pela janela favorece o despertar. Portanto, vale a pena ficar com as cortinas fechadas se você quer dormir um pouco mais.
Moça dormindo - Getty Images

Associe a cama ao sono

Usar a cama para outras atividades que não seja um belo cochilo podem piorar suas crises de insônia. "A cama deve ser restrita ao sono e as atividades sexuais", ressalta o médico do sono Inoue. Isso porque, quando seu cérebro entende que a cama é um local de dormir, fica mais fácil fazer com que o sono venha. Agora, se você costuma comer, usar o computador ou mesmo ler um livro na cama, a sonolência pode ser tornar mais difícil.
Homem com televisão no quarto - Foto: Getty Images

Cuidado com eletrônicos no quarto

Isso vale para o uso de objetos eletrônicos no quarto, que são muito estimulantes. "Assistir filmes de ação, navegar pela internet, utilizar redes sociais ou mesmo jogos online, podem aumentar o grau de excitação e isso pode ser prejudicial ao sono", considera Inoue. O ideal é que uma hora antes de dormir você se desconecte um pouco e relaxe. Para esse momento, vale diminuir a intensidade da luz, colocar uma música relaxante ou fazer uma leitura tranquila, nada que desperte muito a sua mente. 
Casal brigando antes de dormir - Foto: Getty Images

Evite brigas no quarto

Não adianta limpar o ambiente apenas dos estímulos tecnológicos. Evitar brigas, estresse e discussões de problemas no quarto também é muito importante. "Em situações de tensão, encontramos aumento das catecolaminas, que são substâncias responsáveis pela excitação e responsáveis pelo aumento do nível de atenção", explica o médico do sono Inoue. Portanto, isso só vai dificultar que seu cérebro relaxe até o estado de subconsciência. 
Homem dormindo tranquilamente - Getty Images

Reduza a ansiedade

Quando a insônia bater por ansiedade, você pode usar algumas técnicas para reduzi-las. Experimente algo que você sabe que costuma relaxar vocês. Por exemplo, para pessoas mais tranquilas e que já tenham feito ioga, por exemplo, experimentar uma mentalização pode ser uma boa pedida. "Mas se você não está acostumado, isso pode piorar sua ansiedade em querer dormir logo", considera a neurofisiologista Stella. Melhorar a respiração, fazendo exercícios de inspirar e expirar lentamente, também pode ser uma boa pedida, mas treine fazer isso acordado!
Chá - Getty Images

Bebidas que ajudam

O conselho da vovó de beber um chá pode muito bem estar certo. "Chás calmantes como a camomila, erva doce e cidreira contribuem para dormir melhor, pois ajudam no relaxamento", considera o médico do sono Daniel Inoue. O leite morno pode ser uma pedida também, por conter triptofano, um aminoácido precursor da serotonina, mesmo que em quantidades pequenas. Uma boa dica para potencializar essas bebidas é incluir o mel. Alguns tipos desse doce, como o silvestre, o de flor de laranjeira e o assa-peixe tem propriedades calmantes e ajudam corpo e mente a relaxarem, de acordo com a nutricionista Thais Souza, da Rede Mundo Verde.
Cuidado com o álcool - Getty Images

Cuidado com o álcool

Mas uma bebida que você com certeza deve passar longe é o álcool. Apesar de ele também ser um relaxante, a qualidade do seu sono ao beber uma cerveja, vinho ou destilado não será das melhores. "Como ele relaxa a musculatura toda, inclusive do pescoço, ele deixa a via aérea aberta, o que favorece a apneia do sono, fazendo com que a pessoa durma de forma irregular ao longo da noite", explica Stella Tavares. Por isso que quando você bebe pode inclusive roncar mais!
Moça correndo - Foto: Getty Images

Exercícios na hora certa

Além da luz, a temperatura corporal também ajuda a regular o sono: quando ela cai, ficamos mais sonolentos. Porém, quando fazemos atividades físicas, a tendência é que fiquemos mais quentes. "O ideal é não fazer exercícios à noite, pois isso acaba atrapalhando o sono", estatiza Stella. Mas, caso seja o único horário que você tem, o melhor é deixar para deitar-se até três horas depois. 

terça-feira, 24 de junho de 2014

Idosos que comem peixes têm maior expectativa de vida

Estudo mostra que ômega 3 também reduz risco de morte por doenças cardíacas.


Uma pesquisa feita pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, concluiu que pessoas com mais de 65 anos que têm o hábito de comer peixes ricos em ômega 3, têm menor risco de morrer por doenças cardiovasculares e por qualquer outra causa de morte, melhorando sua expectativa de vida. O trabalho foi publicado dia 01 de Abril no periódico Annals of Internal Medicine.

Os autores avaliaram dados de 2.700 americanos com 65 anos ou mais, colhidos ao longo de 16 anos. Nenhum participante do estudo fazia uso de suplementos de óleo de peixe. Segundo os resultados, as pessoas com os maiores níveis de ácidos graxos ômega 3 no organismo apresentaram um risco 27% menor de morrer por qualquer causa durante o período da pesquisa, se comparados com quem apresentava os níveis mais baixos do nutriente. São aproximadamente 2,2 anos a mais de vida do que aqueles que não consomem o nutriente. Essas pessoas também tiveram uma chance 35% menor de morrer por doenças cardiovasculares no geral - benefício já conhecido do ômega 3. 

Após ajustes como estilo de vida, risco cardiovascular e outros hábitos alimentares, eles descobriram que três ácidos graxos ômega 3 específicos - os ácidos docosa-hexaenoico, eicosapentaenoico e docosapentaenoico - foram associados a um risco significativamente menor de mortalidade, se presentes no sangue de forma individual ou combinada. O docosahexanoico (DHA) foi mais fortemente relacionado ao menor risco de morte por doença cardíaca coronária (40%) ou manifestação de arritmia cardíaca (45%). O ácido eicosapentaenoico (EPA) foi ligado a um menor risco de ataque cardíaco não fatal, e o ácido docosapentaenoico (DPA) foi mais associado a um menor risco de morte pode AVC. Para saber se você está com os níveis corretos desse nutrientes, procure um médico nutrólogo e solicite exames.

Os estudiosos declaram que, embora diversos estudos já tenham associado o ômega 3 a uma melhor saúde cardíaca, esse é o primeiro estudo que faz uma relação entre os níveis do nutriente no sangue à mortalidade por qualquer causa. Para obter tais benefícios, eles recomendam a ingestão de cerca de duas porções de peixes ricos em ácidos graxos - como salmão, atum e sardinha - por semana.

Benefícios para a saúde cardiovascular
Os ácidos graxos ômega 3 possuem propriedades anti-inflamatórias, antitrombóticas, antirreumáticas e reduzem a concentração dos lipídeos do sangue, favorecendo a vasodilatação. O ômega-3 é capaz de evitar a formação das placas de gordura na parede das artérias e garantir a flexibilidade dos vasos sanguíneos, afastando o risco de doenças como infarto, hipertensão, aterosclerose e derrames. Além disso, esses ácidos graxos modificam a composição química do sangue, provocando o aumento dos níveis do HDL (colesterol bom) e a diminuição dos níveis de LDL (colesterol ruim). Ele também consegue reduzir os níveis de triglicerídeos do sangue. "O organismo também utiliza o ômega 3 para produzir prostaglandinas, substâncias químicas que têm participação em muitos processos, inclusive no combate às inflamações dos vasos sanguíneos", explica a nutricionista Fabiana Honda, de São Paulo.

Prepare peixes de forma saudável
Campeões em disparada quando o assunto é ômega 3 e outras gorduras benéficas à saúde, os peixes não podem faltar no prato de quem procura manter uma alimentação saudável. "Eles são excelentes para prevenir doenças cardiovasculares e estimular o cérebro a funcionar melhor", conta a nutricionista Flávia Ferazzo, de Goiânia. Os peixes são muito versáteis e podem ser preparados de diversas formas, agradando quase todos os paladares. Contudo, é preciso ter cuidado - algumas preparações são mais calóricas e podem colocar a sua dieta em risco. Confira as dicas das nutricionistas e veja como deixar o seu peixe mais saudável: 

peixe cozido - Foto Getty Images
Cozido 

Essa é uma das melhores maneiras de preparar o peixe, pois não acrescenta gorduras ao prato. No entanto, os alimentos cozidos perdem as vitaminas C e do Complexo B, que se dissolvem na água. Para reduzir essa perda, a nutricionista Flávia sugere utilizar pouca água no cozimento e esperar ferver para adicionar o alimento. "Também é possível reaproveitar essa água vitaminada do cozimento para fazer arroz, feijão, macarrão ou sopas", diz a nutricionista. Outra opção é cozinhar o peixe no vapor, pois o método conserva os nutrientes e preserva cor, aroma e textura natural do alimento. 

Os peixes mais indicados para o cozimento são tainha, truta, namorado, cação, badejo, bacalhau, pescada, linguado, salmão, robalo, merluza, cambucu e San Piter. Para cozer no vapor, use estes temperos: limão, sal, pimenta dedo de moça ou grão preta, salsa e alho poró.  

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Insônia, cansaço extremo e inchaço podem indicar problemas na tireoide

Apesar de ser pequena, a glândula da tireoide é um órgão essencial para o bom funcionamento do nosso organismo. Nela são produzidos os hormônios T3 e T4, responsáveis por manter nossas células dentro dos eixos e acompanhar todas as funções do corpo. E é por isso que os problemas da tireoide - como o hipertireoidismo e o hipotireoidismo - causam sintomas em diferentes órgãos. Segundo dados do Instituto da Tireoide, 15% da população acima de 45 anos sofre de problemas na tireoide. Mais comum no sexo feminino, os problemas da tireoide afetam cerca de 10% das mulheres acima de 40 anos e em torno de 20% das que têm mais de 60 anos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Além disso, a sociedade estima que 60% da população brasileira terá nódulos na tireoide em algum momento da vida, sendo que apenas 5% deles são cancerosos. Por seus diferentes sintomas, é comum que pessoas com problemas na tireoide suspeitem de outras doenças, demorando a pesquisar o problema corretamente. Confira as explicações dos especialistas e entenda os sinais que o corpo manda, dizendo que sua tireoide não está bem: 

mulher deitada na cama - Foto: Getty Images

Falta ou excesso de energia

Os hormônios da tireoide são responsáveis pelo nosso metabolismo basal - eles estimulam nossas células a trabalharem e garantem que tudo funcione corretamente em nosso corpo. Quando produzimos esses hormônios em excesso (hipertireoidismo), o metabolismo passará a funcionar de forma acelerada. É como se fossemos uma máquina a vapor que está recebendo mais carvão que o normal, passando a trabalhar rapidamente. "Isso deixará o paciente muito agitado e com episódios frequentes de insônia, já que seu metabolismo estará constantemente acelerado, causando essa disposição constante", diz o endocrinologista Mauro Scharf, do Laboratório Exame, em Brasília. "Quando a tireoide não está produzindo quantidade suficiente de hormônios (hipotireoidismo), o metabolismo fica mais lento, e como resultado temos o cansaço excessivo, com o paciente dormindo mais do que o normal."  
homem com calor - Foto: Getty Images

Percepção de calor e frio alterada

Quando sentimos frio, nosso cérebro estimula a liberação dos hormônios da tireoide, justamente para que o metabolismo se acelere e o corpo, por consequência, fique mais quente. E esse processo também pode acontecer no sentido inverso: "no hipotireoidismo é comum que a pessoa tenha mais frio que o normal e no hipertireoidismo sofra mais com o calor, justamente porque seus metabolismos estão lento ou acelerado demais, ficando constantemente com a temperatura corporal mais baixa ou alta", afirma a endocrinologista Gisah Amaral de Carvalho, vice-presidente do departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia regional do Paraná. 

Problemas intestinais

O funcionamento correto do metabolismo também interfere na eficiência de nosso trânsito intestinal - e os hormônios da tireoide não poderiam ficar de fora. "Uma pessoa com hipotireoidismo fica com o intestino mais lento, e portanto é comum a prisão de ventre", afirma o endocrinologista Mauro. "No caso do hipertireoidismo, há um aumento do trânsito intestinal devido ao rápido funcionamento do metabolismo, levando a um maior número de evacuações e até mesmo diarreia", completa Gisah Amaral de Carvalho. 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Hipertireoidismo: tratamento depende da gravidade da doença.

foto especialistaDanilo Höfling

Endocrinologia

O hipertireoidismo é causado pela produção excessiva de hormônios tireóideos (T3 e T4) resultante do aumento da função da própria glândula, ao passo que a tireotoxicose é um termo mais amplo, que se refere a qualquer condição na qual há de excesso desses hormônios.
 Várias doenças da glândula tireoide podem levar ao aumento da produção dos hormônios tireóideos, mas é importante mencionar que nem sempre o problema está na tireoide (Quadro 1).
 A causa mais comum de hipertireoidismo é a doença de Graves, que ocorre quando o organismo produz anticorpos que estimulam o funcionamento da glândula. Pode ser decorrente, também, de um ou mais nódulos tireóideos que fabricam hormônios tireóideos em excesso (bócio uni ou multinodular tóxico, respectivamente) ou de processos inflamatórios da tireoide, tais como, a tireoidite de Hashimoto ou a tireoidite pós-parto. Há varias outras causas, incluindo as mais raras, entre elas, um tumor na hipófise capaz de produzir grandes quantidades do hormônio estimulador da tireoide (TSH) ou um tipo específico de tumor de ovário, denominado struma ovarii.
 O hipertireoidismo pode resultar ainda de ingestão excessiva de iodo ou de substâncias com alta concentração de iodo, como alguns comprimidos de alga, expectorantes e do medicamento amiodarona (frequentemente usado para no tratamento de arritmia cardíaca).
 Uma causa importante de tireotoxicose é a ingestão de hormônios tireóideos na tentativa de diminuição de peso corporal. Neste último caso, a situação pode ser particularmente prejudicial, já que além de haver grande perda de tecido muscular, a ingestão de dose elevadas de hormônios tireóideos pode ser potencialmente fatal.
Quando o hipertireoidismo é leve, denominado subclínico, o indivíduo geralmente não tem sintomas e, quando tem, eles são de pequena intensidade. Por outro lado, quando o hipertireoidismo é mais intenso (hipertireoidismo franco), vários sinais e sintomas estão presentes. Neste caso, sem dúvida, a pessoa necessita de tratamento, mesmo porque o hipertireoidismo pode ser grave o bastante para colocar em risco a vida do indivíduo. Contudo, no caso do hipertireoidismo subclínico a necessidade de tratamento é discutível. A decisão de tratar o hipertireoidismo subclínico deve ser tomada pelo endocrinologista levando em consideração todos os riscos e benefícios envolvidos para cada um dos pacientes.
Visto que a tireotoxicose pode ocorrer por motivos diversos (Quadro 1), as estratégias terapêuticas serão escolhidas de acordo com a causa do problema de cada indivíduo.

Além da causa do hipertireoidismo, vários outros fatores devem ser avaliados para a escolha do tratamento mais adequado, tais como a gravidade da doença, a presença de outras doenças que possam interferir no tratamento, a presença de gestação, a idade, etc.No caso da ingestão intencional de hormônios tireóideos para redução de peso, por exemplo, a simples suspensão corrige a tireotoxicose. No caso da doença de Graves, três tipos de tratamento estão disponíveis: os medicamentos antitireóideos, a cirurgia e a ingestão de iodo radioativo. Para os nódulos produtores de hormônios tireóideos, além dessas três modalidades terapêuticas, pode-se realizar a sua destruição com LASER, radiofrequência e etanol. As pessoas que tem Tireoidite de Hashimoto e tireoidite pós-parto são tratadas com os medicamentos antitireóideos, porquanto o hipertireoidismo é transitório.

 Assim, é evidente que o diagnóstico e o tratamento da doença são complexos. Neste caso, a experiência do endocrinologista será imprescindível para a escolha da estratégia terapêutica mais adequada.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Antioxidantes reduzem o risco de câncer

Eles também diminuem as chances de doenças cerebrais degenerativas e do envelhecimento celular.

foto especialista
Roberto Navarro
Nutrologia

Toda vez que nós inalamos o oxigênio presente no ar que respiramos, ele faz o seguinte trajeto: penetra pelos nossos pulmões e, através do sangue, chega até o interior de nossas células. O que acontece com esse oxigênio a partir daí? Bem, este oxigênio é utilizado para a respiração celular, isto mesmo, nossas células também "respiram", seus "pulmões" são chamados de mitocôndrias, e graças à isto nós conseguimos produzir energia e sobreviver na natureza. Por isso, somos chamados de seres aeróbicos e só continuamos vivos pela presença do oxigênio em nossas células. 
Porém, após este processo de respiração celular ocorrer, aproximadamente 2% deste oxigênio é transformado em um grupo de substâncias chamado de espécies reativas tóxicas do oxigênio, também conhecidas como radicais livres. Como o próprio nome sugere, elas podem "intoxicar" nossas células? Infelizmente sim, pois estes radicais livres podem atacar as membranas das células e causar um estrago chamado de peroxidação lipídica que eu compararia a "enferrujar" (oxidar) as células, prejudicando o funcionamento delas. Mas, fique calmo, pois como diz o ditado, Deus dá o frio conforme o cobertor. 
Dentro das nossas células também temos a capacidade de produzir um antídoto para anular os efeitos danosos destes famigerados radicais livres. Estes heróis que nos protegem são chamados de enzimas antioxidantes que anulam os efeitos destes vilões. Mas, a matéria prima que nossas células necessitam para a produção destas enzimas protetoras são alguns nutrientes específicos, sendo eles: vitamina C, vitamina E, selênio, manganês, cobre, zinco, riboflavina, betacaroteno, compostos bioativos (polifenóis, flavonóides, carotenóides, glicosinolatos) e outros menos importantes. O que pode ocorrer se houver um desequilíbrio entre a produção exagerada de radicais livres e uma produção menor de enzimas antioxidantes?  
A preocupação da ciência com esta possibilidade é tão grande que surgiu uma área de estudo específica para compreender melhor este tema, chamada de Oxidologia, que estuda as causas e os efeitos da "oxidação" excessiva das nossas células (tecnicamente conhecido como stress oxidativo) e suas repercussões na saúde humana. E sabe quais as conclusões ? Vamos enumerá-las abaixo: 
  • Aceleração da velocidade de envelhecimento celular.
  • Ataque ao DNA das células levando ao risco aumentado de câncer.
  • Oxidação excessiva do colesterol, que, quando oxidado, aumenta a chance de entupir nossos vasos sanguíneos e aumentar a incidência de doenças cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio e derrames cerebrais.
  • Degeneração de uma região do globo ocular chamada de mácula, aumentando o risco de perda da visão progressiva, mais comum em idosos (Degeneração Macular).
  • Oxidação excessiva dos neurônios podendo aumentar o risco de doenças degenerativas cerebrais como Alzheimer e Parkinson.
Sem querer ser alarmista vou jogar mais uma lenha nesta fogueira: não só o oxigênio que entra nas nossas células leva a produção dos radicais livres. Outros fatores também podem elevar a produção dos mesmos, de maneira secundária: irradiações ionizantes, infecções, diabetes descompensado, Síndrome Metabólica, intoxicações por metais tóxicos (chumbo, alumínio, mercúrio, arsênico, cádmio, etc), agrotóxicos, tabagismo, excesso de atividade física, alimentação excessiva em gorduras (inclusive a trans) e açucares simples. 
Fica a questão: se eu me exponho à um somatório de vários fatores desencadeadores da elevação dos radicais livres dentro do meu organismo como me defender dos estragos do seus excessos? Obviamente aumentando a oferta de matéria prima para que nossas células aumentem a produção das enzimas antioxidantes (os heróis citados acima no texto) e temos então uma chance de diminuir o stress oxidativo que tanto nos deixa vulneráveis. Aonde encontrá-las? Veja como é fácil: 
  • Vitamina C: laranja, limão, tangerina, acerola, goiaba, kiwi, camu-camu.
  • Vitamina E: óleos vegetais (azeite extra virgem, canola, linhaça, entre outros), gérmen de trigo, abacate, óleos de peixe, gema de ovo.
  • Selênio: oleaginosas (castanhas, amêndoas, avelãs, amendoins), peixes como salmão.
  • Manganês: cereais integrais, legumes, castanhas.
  • Zinco: carnes magras, aves e peixes, ostras, iogurtes desnatados, cereais integrais, germe de trigo.
  • Cobre: nozes, frutas secas, cereais, leguminosas (ervilha, soja, grão-de-bico, feijões, lentilhas)
  • Betacarotenos: cenoura, tomate, manga, abóbora, gema de ovo.
  • Compostos bioativos: alface, agrião, rúcula, couve, espinafre, berinjela, mirtilo, uva rôxa, cenoura, tomate, cúrcuma, chá verde, brócolis, alho, alho-poró, cebola, cogumelos comestíveis, maçã (com casca), pó de cacau, acelga, beterraba, salsinha, pimentão vermelho, couve-flor, entre outros.

Fica também um alerta: doses altas de antioxidantes podem fazer efeito contrário, ou seja, se tornam pró-oxidantes, e o tiro sai pela culatra. Se entupir de cápsulas de vitaminas e minerais em doses altas acreditando ficar protegido pode ser uma grande ilusão e piorar sua saúde. Temos os alimentos corretos. Basta saber utilizá-los a nosso favor. Qual o ponto de equilíbrio? Evite os fatores (modificáveis) que desencadeiam o aumento do stress oxidativo (vide acima) e tenha uma alimentação adequada em antioxidantes. Faça atividade física leve a moderada regularmente, sob supervisão profissional e visite seu médico periodicamente para avaliar sua saúde e fazer exames de rotina. Essas medidas costumam ser infalíveis, sendo a prevenção ainda o melhor remédio. Siga a dieta do bom senso. 

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Trombose e cicatrização

Claro que ninguém quer se machucar, porém, quem toma medicamento para prevenir trombose venosa profunda (TVP) costuma ter arrepios só de pensar em sofrer um corte, arranhão ou qualquer outro acidente. Se esse é o seu caso, saiba que não há motivo para ficar assim. “É fato que a medicação usada diminui a possibilidade de os coágulos se formarem dentro da veia, os chamados trombos. Mas, diante de um ferimento, o máximo que pode acontecer é a pessoa sangrar um pouco mais do que o normal, situação que é contida rapidamente se ela fizer uma boa compressão no local. E quanto à cicatrização, ela vai acontecer sem qualquer dificuldade se depois que o sangramento parar a região for limpa e receber um curativo”, afirma o cirurgião vascular Dr. Bruno de Lima Naves, diretor da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV).


Ajuda especializada

Segundo o especialista, a dificuldade de uma ferida fechar acontece quando o sangue não consegue chegar bem até o local da lesão, o que geralmente ocorre em quem tem diabetes, uma circulação sanguínea complicada ou quando a trombose venosa é extensa e produz um inchaço muito grande. “Diante disso, é essencial procurar ajuda especializada o quanto antes”, completa o médico.