Um grupo de pesquisadores reconstruiu num modelo informático uma parte
do córtex cerebral de um rato identificando as conexões entre os
neurônios, um avanço considerado fundamental para entender o
funcionamento do cérebro dos mamíferos, segundo um estudo divulgado esta
semana.
"É um grande avanço, já que sem isso seriam necessárias décadas ou,
inclusive, séculos para determinar o lugar de cada sinapse (conexões
entre os neurônios) no cérebro", explicou Henry Markram, diretor do
projeto batizado de "Blue Brain", da Escola Politécnica de Laussane,
Suíça.
"A partir de agora será muito mais fácil construir modelos informáticos
precisos", acrescentou o pesquisador, cujo trabalho foi publicado na
Ata da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos (PNAS), em sua
edição de 17 de setembro.
O objetivo do projeto, iniciado em 2005, é construir um cérebro virtual de um mamífero até 2018.
Um dos grandes desafios da neurociência é construir um mapa de sinapses
entre os neurônios, um projeto que foi denominado "Connectome" e que
permitirá explicar os fluxos de informação do cérebro, o que é
considerado uma espécie de Santo Graal da pesquisa neste campo.
O cérebro humano conta com centenas de milhares de neurônios e um número infinitamente maior de sinapses.
Para reconstruir virtualmente em três dimensões um microcircuito do
córtex cerebral do rato, os cientistas usaram dados obtidos durante 20
anos em amostras do tecido cerebral, nas quais foram determinadas a
forma e as propriedades elétrica dos diferentes neurônios, as células do
sistema nervoso cerebral.
Os pesquisadores traduziram, utilizando o supercomputador da IBM
conhecido como Blue Gene, todas as propriedades biológicas para dados
matemáticos para realizar assim um modelo de 10.000 neurônios conectados
entre si, com 30 milhões de sinapses e vários quilômetros de fibras.
Dessa forma, constataram que a distribuição das sinapses virtuais do
estudo correspondiam a de 75 a 95% do real no caso dos ratos, o que
valida seu modelo.
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