Mal que acomete cerca de 15% da população brasileira, segundo a
Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe), a enxaqueca pode ser amenizada
com algumas dicas simples, como comer de forma correta. "Evitar a
hipoglicemia, que é a diminuição do açúcar no sangue, alimentando-se em
intervalos regulares, ajuda a barrar as crises", explica Isolda Prado,
nutróloga da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia). "Evitar os
extremos, como comer demais ou de menos, também ajuda", frisa a médica.
A enxaqueca tem um componente hereditário e é mais comum em pacientes
com parentes que sofrem do mesmo problema. Entretanto, para o
desenvolvimento da crise, é necessário que exista um gatilho ou uma
influência ambiental. Um desses gatilhos pode estar no seu prato.
Alguns alimentos contêm substâncias que, quando ingeridas, desencadeiam
ou pioram a dor de cabeça. "Para as pessoas que sofrem de enxaqueca,
pode existir a sensibilidade para um ou outro alimento. O paciente deve
procurar identificar ou associar a ingestão com o surgimento da crise,
evitando a utilização daquele item", explica Prado.
Dormir mal e viver sob estresse são outros fatores que pioram a
enxaqueca. Por isso, não é surpresa que a população em idade produtiva
(entre 25 e 45 anos) é uma das mais acometidas por esse mal, segundo
estudo feito pela SBCe e o hospital Albert Einstein. É justamente nesta
fase da vida, quando se trabalha com bastante intensidade, que o
estresse e as poucas horas de repouso tendem a virar rotina. Nestes
casos, lançar mão de técnicas de relaxamento e estabelecer padrões
regulares de sono podem ser boas formas de evitar novas crises.
Também chamada de migrânea, a enxaqueca é apenas um entre os mais de
150 tipos de dor de cabeça reconhecidas pela Sociedade Internacional de
Cefaleia, e está entre as mais comuns dores de cabeça primárias, ou
seja, aquelas que surgem espontaneamente, sem uma causa aparente.
Além da dor, os pacientes costumam apresentar outros sintomas durante a
crise de enxaqueca, como fotofobia (sensibilidade à luz), fonofobia
(sensibilidade ao som) e intolerância a odores (osmofobia). Outros
sintomas frequentes são náuseas e vômito.
Algumas pessoas apresentam na fase que precede a crise de dor fenômenos
neurológicos transitórios chamados de "aura". As mais frequentes são a
percepção de manchas no campo visual, como linhas brilhantes ou em
ziguezague, e sensação de dormência de um membro, geralmente nas pontas
dos dedos, na língua ou nos lábios. Formas menos comuns incluem
incapacidade temporária para falar (afasia) ou fraqueza (paresia) de um
ou mais membros de um lado do corpo.
A enxaqueca pode durar de quatro a até 72 horas, se não for tratada. Se
passar desse período sem melhora, pode ser necessária até uma
internação. Tem intensidade moderada a intensa e a dor é descrita como
latejante e unilateral (em apenas um dos lados da cabeça).
Nos casos mais graves e frequentes, o tratamento inclui medicamentos
para serem usados durante a crise e para evitá-las. Estes remédios devem
ser prescritos pelo neurologista, que avaliará com mais precisão cada
caso, após consulta médica. "Uma repetição das crises indica a
necessidade de um tratamento preventivo", diz o neurologista Mario
Peres, do hospital Albert Einstein.
Vale lembrar que o abuso no uso de analgésicos, comumente usados por
conta própria para aliviar dores de cabeça, pode vir a agravar a
enxaqueca, tornando-a a mais resistente a longo prazo. "A tomada
exagerada de analgésicos, diariamente, pode agravar a dor de cabeça.
Atenção especial aos analgésicos que contém cafeína", pontua Peres. Isso
porque essa substância é também é um fator precipitante da enxaqueca,
se consumida em excesso. Em seu site, a SBCe frisa que "analgésicos não
tratam a enxaqueca, só aliviam a intensidade e duração das crises,
depois que ela já se instalou".
Nenhum comentário:
Postar um comentário